Há mais de um ano que não era adicionado a este blog um post sobre caminhadas!
O calor do passado domingo, 11 de outubro, convidava a uma caminhada, a primeira caminhada deste ano, e o destino escolhido foi um nunca visitado pelo Pé na Rota: Fafe. Como a forma física não está nos melhores dias, seleccionou-se um trilho de pequena rota com piso fácil -o Trilho Verde da Marginal com apenas 3km e duração de 1h.
Com merenda e àgua preparados, dirigimo-nos à barragem da Queimadela, perto do parque de Campismo que marca o ponto de inicio e término desta rota circular. À saida do carro fomos recebidos pelo maravilhoso e unico som de pássaros o que auspiciava uma caminhada sossegada e principalmente, rejuvenescedora. Mochilas às costas e dirigimo-nos ao paredão da albufeira - uma espécie de ponte - e viramos num caminho de terra que a margina. A vista sobre a albufeira era sem dúvida deslumbrante. Caminhou-se calmamente, envoltos à sombra de refrescantes pinheiros, eucaliptos, carvalhos e choupos e num local mais perto da àgua que da terra, assentamos arraiais para ensurdecer os apelos de barrigas esfomeadas. Nesta pequena pausa de tranquilidade apenas fomos interrompidos pela poluição sonora de motocross - o unico dado a lamentar deste trilho.
Retomado o caminho, passamos por eiras, espigueiros recuperados, medas de palha, ramadas de vinho verde etc.até chegarmos a uma pequena mas pujante ribeira que corria monte abaixo. Ao lado existe um pequeno café, de aspecto muito acolhedor com cadeiras dispostas pela margem desta ribeira (panorama excelente para repousar, meditar, ler ou simplesmente entregar-se à natureza). Em vez de continuarmos o trilho, resolvemos subir pelas pedras da ribeira até encontrarmos um moinho recuperado. Ao contorná-lo o caminho estreita-se pela majestuosidade de uma grande rocha. Este desvio encaminha-nos novamente ao ponto de partida da ribeira. Casas recuperadas, talvez para turismo de habitação, ladeiam o trilho que nos encaminha até à cachoeira do rio Vizela.
Em resumo, uma singela caminhada que possibilitou preencher um pouco as saudades destes passeios e conhecer mais um pequeno refugio tão perto de nós. Diga-se que com tantos desvios, percorremos 6km e demorou 2:30h.
Pois é, como já se devem ter apercebido pelo longo período de inactividade, o grupo de caminhada Pé Na Rota abandonou as suas caminhadas.
Por motivos diversos, e para nossa infelicidade, e para mal da nossa saúde, foi nos impossível manter as caminhadas regulares, e portanto, deixaram de haver histórias para relatar neste nosso cantinho.
É pois, com grande tristeza, que comunicamos a todos os visitantes que este cantinho está, temporariamente esperamos, encerrado.
O acordar tardio revelou um dia solarengo, e apesar da tosse que teimava em querer mostrar a sua força, e um tornozelo mal refeito da maleita, a vontade de caminhar prevaleceu. Farnel nas mochilas e ala rumar a Paredes de Coura que se fazia tarde…
Chegados ao ponto de inicio da caminhada (a ermida de Nª Sr.ª de Irijó em Formariz) a horas mais que próprias para almoçar, não nos fizemos rogados e tratamos logo ali de aconchegar os estômagos que vinham já a reclamar por atenção e carinho, isto mesmo antes de realizado qualquer outro tipo esforço. O trilho, pelas expectativas geradas pela informação recolhida, também era curtinho e portanto não havia pressas. Reunidas as forças, e apenas com a descrição do percurso, pés ao caminho que o desejo de ver as ansiadas cascatas era muito…
O inicio deste trilho está muito bem marcado e portanto não houve problemas! Toca a subir com a confiança nos seus pícaros… Sempre seguindo as marcações no terreno, fomos admirando a paisagem verde que nos envolvia, marcada aqui e ali pelas gigantescas campainhas rosa (eu chamo assim às plantas que têm as flores que rebentamos na cabeça do parceiro com um ruidoso “PLOC”). Pelo percurso cruzamos outros trilhos, mas estas intercepções estão bem marcadas, portanto nunca houve dúvidas sobre o caminho a seguir.
A determinada altura deparamo-nos com um charco habitado por rãs. Estes pequenos animais chamaram-nos à atenção com os seus sonoros “RABIT” e por ali ficamos ainda algum tempo a aprecia-los e (tentar) captura-los… com a objectiva da máquina!
Mais um pouco de caminhada e chegamos pois à estrada que tínhamos como referência. A questão é que as tão almejadas cascatas já deveriam ter surgido… e até ai… nada, absolutamente nada! “Bem, lá foi algum desvio que nos passou despercebido”, disse eu. “Haveremos de cá voltar outra vez, mas com um mapa do percurso para não falharmos”, rematei! Com o ânimo bastante mais baixo, continuamos o percurso, ainda com tempo de nos cruzarmos com uma bela cobra… Isto, até que nos surge uma ponte… “Espera, devíamos ter passado nesta ponte antes daquele desvio, queres ver que estamos a fazer o percurso ao contrário?”. E estávamos! De ânimo reavivado, saímos da estrada e enveredamos por um caminho com umas belíssimas lajes de granito… à medida que a altitude ia baixando a vegetação foi-se adensando, e o verde intensificava-se. Começamos entretanto a seguir um pequeno canal de água muito cristalina e ao longe ouvia-se já o som das águas a cair do alto, prenúncio do espectáculo que se aproximava…
Até que demos com a tão desejada paisagem … um belo riacho, de águas não tocadas pelo lixo dos homens, que corre apressadamente por entre as pedras que fazem o caminho e caindo de seguido pelos penhascos. Ali no topo da cascata não pudemos evitar o ar atónito olhando para tamanha beleza… Era o verde, muito verde que nos envolvia. Eram os raios de sol mais ariscos que de quando em vez conseguiam furar por entre a frondosa vegetação. Era toda aquela água que vinha do fundo, escorregando pelas pedras, e que ali, sentindo-se reprimida, libertava toda a sua energia. E era o som… o som de toda aquela água a correr. Som que em qualquer sonómetro poderia ser excessivo, mas que ali era de tal forma envolvente que sem ele o espectáculo não seria, de certo, o mesmo! Passaram-se os minutos e por ali andamos, para a frente e para trás, maravilhados, tentando sorver ao máximo toda aquela energia , permitindo a limpeza da nossa alma, e tentando recolher o máximo de pormenores que existiam!
Refeitos do espectáculo, seguimos caminho, não sem uma pequena mágoa por, primeiro, o tempo não permitir o mergulho naquelas águas, e segundo, não conseguirmos descer ao fundo da cascata. A primeira não conseguimos resolver, o tempo não melhorou… mas a segunda… a segunda conseguimos! Alguém providenciou um caminho, íngreme, difícil até em alguns pontos, assinalado por uma seta, que nos leva até ao fundo da cascata, mas vale muito mais que o esforço. Se até ali já estávamos maravilhados, ver ali ao perto as águas lançarem-se lá do alto, com toda aquela energia… Que belíssimo espectáculo… As fotos não fazem jus ao cenário. Toda aquela água… e o som… outra vez o som… maravilhoso!!! Tudo isto temperado pela nuvem de água que nos tocava na pele… Lá no fundo, não nos podemos deixar de sentir pequeninos e insignificantes, mas também abençoados por nos ser permitido assistir a tamanha beleza…
Agora sim, sem nenhuma mágoa seguimos caminho, sempre junto ao canal de água. Chegados a um entroncamento, nada de marcas a indicar trilho… As indicações que tínhamos não eram precisas e para além do mais estávamos a percorre-las pelo sentido contrário. Começamos então a caminhar sem grande segurança, em busca de pequenos resquícios das marcações. Não foram raras as vezes que após algumas centenas de metros sem nenhuma indicação voltamos a trás e optamos por outro caminho… As indicações eram pois fracas, e o que deveria ser uma caminhada curta, parecia estar-se a estender para alem das nossas expectativas… Mais, o receio que por engano tivéssemos enveredado por outro trilho começava-se a adensar… Pior, não havia sinais da capela onde tínhamos iniciado o trilho e já ldeviamos estar lá perto. Estávamos realmente perdidos, sem mapa e o GPS tinha dado o berro. Comecei a pensar no pior dos cenários. Em último caso dirigia-me a uma das casas que se via no fundo do vale e pedia o número do táxi para nos levar de volta. Tínhamos sempre essa hipótese. E se não tivéssemos, e se fosse, por exemplo, no Gerês profundo? Tínhamos que pernoitar por ali e depois fazer o trilho todo ao contrario ou arriscávamo-nos a percorre-lo com o escuro. Estava preocupado! A determinada altura alguém diz “Tenho a sensação que já passamos por aqui, logo no inicio”. “Ná! Deve ser impressão tua. Que referencias temos? Nenhuma…” respondi! Mas realmente aquela paisagem começava a parecer familiar. Resolvemos voltar atrás e lá estava… a marcação para o inicio do troço que nos tinha passado despercebida. Mais aliviados, chegamos finalmente ao carro… Apesar de termos andado quase um terço do caminho às aranhas, lá conseguimos dar com o nosso destino. Para a próxima não podemos deixar de preparar o trilho com mais antecedência, munirmo-nos de um mapa da zona e carregar a bateria do GPS. Serviu-nos de lição…
Terminado o percurso, e já em casa, confirmei a minha suspeita. O trilho é mais comprido o que aquilo que anuncia no prospecto (+1 km). Mas vale bem a pena pela paisagem mística que encontramos…
Já agora, se alguém do Município de Paredes de Coura ler este post, seria conveniente rever as marcações no inicio (nosso fim) do trilho para evitar que outros caminheiros se percam.
Ontem, em conversa com um amigo, companheiro de algumas das nossas caminhadas, foi-me sugerido realizar uma ultima antes das férias...
Como as previsões para este fim de semana não são assim de grande tempo para a praia, que tal rumarmos ao interior norte e irmos dar umas banhocas numas belas lagoas?
Nem mesmo uma inflamação grave no tendão de Aquiles venceu as saudades de “meter pés ao caminho” pelo meio da natureza, e a descoberta de um trilho denominado “pertinho do céu” cessou qualquer reticência que existisse. Sendo assim, resistentes e aventureiros caminheiros partiram rumo a Arcos de Valdevez em busca da Gavieira.
Verdejantes paisagens acompanharam a nossa condução e a primeira paragem ocorreu na Barragem de Lindoso onde a serenidade das águas envolvia-se com o silêncio do local. Rodas a caminho até à próxima pausa para almoço: Soajo! A degustação ocorreu num local repleto de fauna e flora: o amarelo das maias contrastava com o violeta das "campainhas". Uma pequena exploração pelo local revelou a existência de muitos poços ao longo desta pequena cascata, aranhas, esvoaçantes libelinhas e coloridos sardões.
Após este belo descanso, direccionamo-nos para o nosso objectivo e há medida que avançávamos, cruzamo-nos por aldeias abandonadas, cavalos, vacas e bois, porcos que destoavam entre a placidez de montanhas recortadas pelas águas do rio Castro Laboreiro. Chegados à pequena aldeia da Gavieira, fomos “seguidos” pelos olhares de alguns habitantes que se mostravam curiosos perante jovens prontos a caminhar pelas suas terras. Encontrado o inicio do trilho, classificado como fácil a moderado, iniciamos a nossa caminhada por um carreteiro – antigo caminho com grandes lajes de pedra, marcadas pelos rodados dos antigos carros de bois que por ali circularam.
Depois de 2km de intensa subida sobre cascalho e rochas, cheguei à conclusão que fomos enganados: este trilho deveria ser descrito como moderado a médio!!! Aqui, na Branda de Busgalinhas (ponto mais alto pertinho do Céu – 1070m), fomos recebidos por simpáticos cães, de dentes afiados que contrariavam a ausência de dentição dos seus donos. Daqui até à varanda de S. Bento do Cando foi um pulinho, onde descemos em direcção ao Rio Grande por um caminho de pastores. Caminho??? Deveria ser antes denominado de riacho, pela quantidade de água que avançava sobre pedras soltas… Seguindo sempre o recortar do Rio Grande, e as suas convidativas cascatas e poças, retornamos, após 7,5km de caminhada, ao centro da mesma aldeia que nos viu partir, onde prestáveis moradores nos saudaram, recordando-nos o local de estacionamento do veículo.
O regresso foi tranquilo, aproveitado para vislumbrar um pouco mais as paisagens e a pacatez envolvente, terminando com um belo jantar em Ponte de Lima.